terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

02/2011 / 19/02/2013

SAINDO DO PARAGUAI !!

vidadecaramujo@gmail.com
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Em Mariscal Estigarribia eu me informei sobre as estradas que nos levaria ate Villamontes. Não resolveu muita coisa, pois eu deveria ter procurado caminhoneiros para me informar melhor, mas me informei com pessoas nos postos de combustível e pessoas da cidade, comerciantes, etc.
Como me informaram que não havia mais postos de abastecimentos (gasolinera ou estación de combustible), resolvi encher os dois galões de 25 litros cada que eu havia comprado no Brasil.
Já sabíamos que iriamos enfrentar um pedaço de caminhada que não seria muito boa, não teríamos postos de combustíveis  nem paradas ou mesmo qualquer tipo de comercio por algumas centenas de quilômetros.
Tratamos de nos cerificar que havia bastante água e comida e la fomos nós, a raiva não passava, a Sarita tentando me acalmar, apesar de estar também muito brava e la estávamos nos seguido para a Bolívia.
Algumas dezenas de Quilômetros adiante encontramos a divisa do pais.
Divisa entre Paraguai e Bolívia.



Essa construção à esquerda 
pertence a Bolívia.



Essa é a divisa entre o Paraguai
 e a Bolívia naquele trecho. 
Fortemente guardado por 4 ou 5
 babacas bolivianos
 travestidos de policiais.

Essa é a barreira que divide
 Paraguai e Bolívia.
Saímos do fogo para cair no inferno.

Ali existe uma "tranca". Tranca é uma cancela, barreira ou pelo menos, oque deveria ser. Na realidade existe uma corda com vários pedaços de panos coloridos (trapos) amarrados juntamente com garrafas pet e  pedaços de galho de arvore, de um lado amarrado em uma arvore ou um pedaço de pau enterrado no chão e um índio do outo lado que puxa a corda quando você passa, obrigando você a parar. Em alguns locais onde o trafego é pequeno a tal "tranca" fica fechada, (a corda fica puxada amarrada de um lado e outro). Você é obrigado a parar e a se dirigir onde esta o (covil dos bandidos) escritório (oficina) dos policiais. E ali é onde acontece tudo (literalmente).
Nesse caso havia tambores impedindo nossa passagem.
Muito bem, continuando.
Tivemos que parar e fui ate o escritório, (oficina). De um lado estava a parte brasileira e mais adiante uns 10 metros a parte boliviana, ambos do mesmo lado da pista, no nosso caso estava do lado direito.
Como a tranca estava puxada, fui me informar se podíamos passar. Para minha surpresa o policial estava tentando cortar a grama com cortador antigo e se fingiu de surdo. Tive que repetir varias vezes a pergunta  ate que ele se virou para mim e disse que seu superior não estava e pediu nossos documentos com o visto de saída do pais, que deveria ter sido carimbado em Mariscal Estigarribia. (acontece que os últimos corruptos que encontramos nos disseram que não haveria necessidade do tal carimbo. Mais uma gafe dos marinheiros de primeira viagem, no caso nós).
Propina em espanhol significa gorjeta ou algo assim, portanto é dado de vontade própria e eles usam muito a palavra propina para tirar o nosso rico dinheirinho.
Fiquei ali tentando "alizar" o guarda para que ele nos deixasse passar, mas o bandido começou a jogar para o policial da fronteira da Bolívia (não sei por que ainda escrevo Bolívia com letra maiúscula) dizendo que se nos deixasse passar o policial boliviano não nos deixaria entrar.
Pronto, a M...estava feita.
Do lado de cá um paraguaio de M... que não nos deixava sair do pais sem o carimbo no passaporte, do lado de la outro policial de M... não nos deixava entrar por sermos brasileiros saindo do Paraguai e entrando na Bolívia com documentos irregulares (segundo eles).
Esgotei todos os meus argumentos naquele chiqueiro.
O lugar se parecia muito com um chiqueiro, imundo com lixo para todos os lados, tinha mais lixo dentro do que fora. Nada de computador, somente uns policiais, armas, papeis, lixo e um cheiro horrível.
A Sarita ficou a maior parte do tempo dentro da caminhonete, o clima estava tenso mais uma vez, eu com vontade de explodir e os policiais de M... sem um minimo de  boa vontade tentando nos vencer pelo cansaço querendo propina.
Eu dizia que não tinha, que era ilegal e eles diziam que não podiam fazer nada e que sendo assim eu teria que esperar o chefe deles aparecer, mas acontece que o tal chefe, se é que existia algum, aparecia apenas uma vez por semana e não sabiam precisar o dia certo.
De novo eu pedi ao meu anjo da guarda tapar os ouvidos.
Depois de algumas horas tensas, la se foi mais um pouco de dinheiro que eu generosamente, com toda boa vontade entreguei a eles feliz da vida.
Sai dali amaldiçoando ate a quinta geração dos policiais paraguaios e bolivianos.
Tentando me convencer que estava tudo bem, mantive a calma e falava para a Sarita que isso logo passava, pois estávamos a poucos quilômetros da Bolívia, e la era só de passagem e que logo estaríamos no Peru conhecendo Machu Picchu.
Já estava anoitecendo e pegamos a ruta 11 Chaco Bolívia ate Villamontes BO.
Estranhamente havia uma estrada de asfalto a nossa direita, mas estava impedida, e somente entravamos nela quando havia uma cancela (tranca).
A estrada é horrível, muitos buracos e na sua maioria só passa um veiculo de cada vez.
Grande parte do trecho tínhamos a impressão que a estrada era um aterro, pois nas duas margens do "caminho" era uma ribanceira, na altura da porta da caminhonete estavam as copas das arvores, era noite e em alguns locais chovia. Tudo escuro, só passava um carro pois a estrada era estreita, em plena selva Boliviana.
Era a visão do inferno.
Seriam aproximadamente uns 130 quilômetros pela Ruta Chuquisaca-Chaco.
Em alguns momentos eu pensei -Oque eu estou fazendo aqui? Mas não podia fraquejar, minha companheira estava comigo e se eu mostrasse sinais de panico você já sabe o que iria virar não?
Estrada durante o dia.

Estrada Chaco Bolívia.
Essa foto não foi tirada por mim.

Chaco Bolívia durante o dia.

Inicio da Ruta Chuquisaca-Chaco, 
Bolívia.

Ruta Chuquisaca-Chaco Bolívia.


Ruta Transchaco que leva 
de volta para 
Mariscal Estigarribia.









2 comentários:

  1. Isto sim é aventura, o resto é passeio.

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  2. Ola Jorge. O pior ainda esta por vir. Conforme vou me lembrando vou escrevendo. Já estamos nos preparando para a próxima. Abraços.

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