sábado, 30 de março de 2013


02/2011 / 20/03/2013

BATI NA VACA, ENCONTREI MEU TERERÉ, RSRS.
E A AVENTURA CONTINUA.


vidadecaramujo@gmail.com

Sigam, opinem, comentem.



Para quem tem acompanhado as postagens do blog deve ter visto que eu disse que perdemos varias coisas, mas também nós não estávamos viajando, nós estávamos nos "mudando" de tanta coisa que estávamos levando e mais as outras tantas que comprávamos no caminho. Rsrs, de panela a roupas, compramos de tudo, ferramentas, souvenires e mais uma centena de coisas, "apetrechos" que nem utilidade tinha.
Segue fotos do meu querido Tereré, hehe.
Muito bonito, encapado em couro com motivos
paraguaios.

Também é muito usado no MT, Brasil.

Quem não conhece nem faz ideia de 
como é refrescante. Adorei aquilo.



Em um hotel, se não me falha a memória foi em filadelfia, ou talvez em San Bernardino, bom, quando eu recordar eu conserto isso. Estávamos em um restaurante e fizemos amizade com a proprietária do mesmo, e seu marido é administrador de um grande fazendeiro de la, alias os maiores fazendeiros do Paraguai são brasileiros, são os chamados brasiguaios.
Esse restaurante muito acolhedor e proprietária e filhos também nos presentearam com um porta-cerveja, ou seria um porta-garrafas, uma vez que para que caiba uma garrafa de cerveja é preciso retirar um elemento de dentro.
Eu já conhecia isso aqui no Brasil, mas não conhecia com alça.
Achei interessante e pedi para que ela me vendesse um daqueles e ela acabou me dando um de presente.
Trata-se de um porta-garrafas que possui quatro elementos com um liquido dentro e você coloca esses elementos na geladeira e quando o liquido estiver endurecido, você encaixa no porta-garrafas e encaixa a garrafa dentro e ele consegue manter a garrafa fria por muito tempo. E la precisa muito disso, pois o calor é insuportável.
É um objeto conhecido por nós, mas como eu disse eu não conhecia com alça.
Estou anexando duas fotos.

Na verdade são 3 elementos iguais a esse, mas 
se colocar os 3, não cabe a garrafa de cerveja.

                                        Ainda no Paraguai, eu comprei uma bebida alcoólica
                                                     que não tive coragem de beber.
                                          40% de teor alcoólico, tem que estar preparado, né?
                                                                             rsrs.
Me disseram que é uma cachaça paraguaia.

Mas...continuando.
Acabamos de encher o tanque de combustível e tivemos um trabalhão para arrumar tudo novamente na caçamba da caminhonete. Cada coisa em seu lugar para não balançar muito. Eu havia comprado uma lona, dessas de caminhoneiro, amarela para forrar a caçamba. Eu coloquei uma extremidade na parte da frente, logo atras da cabine, estiquei até o final e colocamos tudo dentro (isso antes de sairmos do Brasil), e a parte da lona que sobrou eu passei por cima e retornando ate a cabine. Fora isso ainda tinha a lona marítima que cobria toda a carroceria, então para encher o tanque eu tive todo o trabalho de retirar muita coisa e depois recolocar tudo no lugar.
Bom a essa altura dos acontecimentos você já deve ter imaginado que eu engoli uns 200 ml de combustível  estava todo sujo, cansado, cheirando a combustível, etc.Como tínhamos água eu me lavei ali mesmo na estrada e prosseguimos.
De novo naquela bendita estrada cheia de buracos, curvas perigosas e que só passava um carro de cada vez, confesso que em alguns momentos eu arrepiava só em pensar na possibilidade de me encontrar com outro veiculo vindo em nossa direção, mas íamos nos distraindo em conversas agradáveis e fazendo planos para o futuro, as vezes parávamos para averiguar a geladeira e nos dava uma dor no coração em ver a bagunça que estava dentro do trailer.
Mais algumas dezenas de quilômetros e novamente a estrada nos jogou para a direita em outro trecho de estrada de asfalto.
Silencio total, tensão e o coração a mil.
Outra "Tranca".
Ai meu pai...
Cade o anjo da guarda? Sera que ele tinha desistido de nós só porque eu falei que ele não existia???
Já comecei a chamar por outros anjos e santos que eu não conhecia ainda, mas acho que estavam todos ocupados, ou então eles não trabalham naquela parte do planeta.
Seria por conta do Evo Morales??
Pô o coitado nem tem nada com isso...
Ou porque era perigoso mesmo???
Bom...
Dessa vez quem atazanou a nossa vida foi um rapaz novo, devia ter bem menos de 40 anos e não era índio ou mestiço, bem característico de boliviano mesmo. Não usava farda mas estava armado como todos os outros.
Fomos (eu e ele) ate o "barraco" deles, olhou todos os documentos e com uma cara de cínico  sorrindo dizia sem parar: -brasileños, brasileños...
Consegui convence-lo que os documentos estavam em ordem e não faltava nada.
Então ele começou com uma estória diferente. Queria presentes.
Da para acreditar?
Começou a falar sem parar:  yo quiero um regalo de los brasileños, pediu para que eu abrisse o trailer e começou a pedir tudo o que tinha la dentro, queria nossa lanterna, eu explicava que precisávamos dela, mas ele insistia e dizia que tínhamos mais de uma e que queria "regalos".
Pediu tudo o que tínhamos dentro do trailer, ate o Tereré.
Como não obteve muito sucesso começou a apelar e pediu a minha "polera", minha camisa, e o anjo da guarda não aparecia.
Queria o cachecol que a Sarita usava, olhou dentro do carro e foi pedindo tudo que via pela frente e sempre repetindo:  -brasileños, brasileños... não parava de falar isso.
Minha paciência só não esgotou porque ele estava armado !!!
Sorte (minha claro).
E para piorar no acampamento dele havia mais de 10 "bandidos"
Acho que eles se revesam em roubar, deve ser turnos de 1 X 10.
Contado no relógio, esse cara ficou mais de 45 minutos nos revistando e querendo as coisas que tínhamos  pediu tudo, roupas, lanternas, mantimentos, "regalos" dinheiro, sapato, cada coisa diferente que ele via ele pedia.
Queria que eu tirasse minha própria camisa e desse para ele, eu não acreditava naquilo...
Mas eu endureci e falava:  -Por favor senhor, não temos dinheiro, somos pobres, estamos a passeio com o trailer por não ter dinheiro para pagar hotel, mas o bandido queria os tais "regalos".
Inacreditavelmente conseguimos sair fora desse fdp sem pagar nada, depois de quase uma hora de total tortura mental e psicológica.
Ele abriu a tranca e saímos, entramos a esquerda e voltamos para a estrada de terra, assim que pegamos a terra, poucos metros um pequeno barraco de alvenaria, caindo aos pedaços e uma tranca. Mas o bandido que nos deixou passar fez sinal para um senhor bem velhinho, índio e apareceu um menino para levantar a tranca que dessa vez era um pedaço de tronco no estilo cancela mesmo. A parte mais pesada para o lado do acostamento e a parte mais leve na estrada.
Ele levantou a tranca e partimos.
Aquela maldita sensação de impotência tomava conta conta de todo o meu corpo, cérebro e tudo mais.
Tomou conta do meu ser, mas la no fundo, bem no fundinho mesmo ainda tinha um certo prazer de não ter dado nada para o fdp que queria regalos.
Cansados, viajando desde cedo, com acontecimentos terríveis desde quando saímos de Mariscal Estigarribia, vários policiais corruptos nos enganado, roubando...
A Sarita também muito cansada, aborrecida, mas seguíamos, um ajudando o outro.
Guerreira, me dava orgulho te-la como companheira, alias sempre me orgulharei dela.
Guerreira, poucas vezes perdia o humor e não deixava de ver o lado bom em tudo. Creio que jamais irei conhecer uma pessoa como ela.
Seguimos pela estrada de terra por um longo tempo, tínhamos que andar devagar por conta dos buracos e precipícios, verdadeiras ribanceiras dos dois lados da estrada.
O medo tomava conta.
Medo da estrada, medo de acontecer alguma coisa e não passava ninguém, se acontece alguma coisa conosco teríamos que esperar por socorro e não sabíamos por quanto tempo iriamos esperar.
A cada buraco profundo que passávamos eu sentia que o chassis do trailer raspava no chão e pensava que alguma coisa estava se gastando.
Eis que de repente surgiu uma saída para a direita e entramos em outra estrada asfaltada. Pronto, coração disparado, tensão...tudo.
O que viria pela frente??
Mais uma tranca??
Mais um boliviano corrupto??
Olhei para a Sarita e vi seu semblante, tenso.
Mas avistamos um clarão, era uma cidade, nossa que alegria misturada com tensão. Medo de encontrar uma tranca na entrada da cidade.
Mantive uma velocidade constante de 80 km por hora e seguimos, a noite era muito escura, sem lua, não se via nada, apenas o que o farol da caminhonete clareava. Um sentimento estranho, medo com vontade de continuar, afinal, nossa meta era essa.
Nós nos olhamos e sentimos que alguma coisa aconteceria, sabe aquele sentimento de não saber oque vai acontecer?? Era isso.
Logo na frente vi uma placa indicando uma ponte.
Mantive a velocidade de 80 Km/h porém estava muito escuro e portanto a visibilidade comprometida.
Ao entrar na ponte pudemos observar que realmente era uma cidade, pois havia uma placa "Villamontes".
Nós nos olhamos e calados acho que pensamos a mesma coisa : Enfim uma cidade, vamos poder descansar, tomar banho, dormir bem, se alimentar e finalmente amanhã vamos poder explorar tudo.
Diminui um pouco a velocidade na ponte e segui em frente.
Assim que sai da ponte e que era o inicio da parte urbana da cidade, vi, de repente, um vulto de cor marrom com tons claros.
Era uma vaca, (novilho talvez) e bati frontalmente no animal. Foi horrível. Tudo escuro, não se via nada e a batida foi muito forte, por volta de 80 km/h.
Eu apenas me lembro que o animal tentou sair pelo meu lado esquerdo, mas a batida foi muito forte. Graças a Deus sempre viajamos com cintos e com toda segurança.
Creio que se não tivéssemos rebocando o trailer tínhamos capotado.
Apenas me lembro de ter falado: Pronto, acabou...
Uma pequena amostra do que vem na próxima postagem.
Foi assim que ficou minha caminhonete apos a batida.
(estou com pena da vaca)

Nas próximas postagem vou falar como e porque ficamos 45 dias em Santa Cruz de La Sierra, amizade com um garimpeiro Surinamês que se tornou amigo, ate porque somos do mesmo ramo, Ralis, viagens, passeios, Samaipata, Cochabamba, Oruro, Potosí, La paz.
Risco de morte, pessoas maravilhosas e pessoas perigosas, riscos de vida absurdos.
Amizade com Dom Javier Cosío, vice presidente da Federação Boliviana de Automobilismo, Pessoa maravilhosa que mantemos contato ate hoje,  família e funcionários, Dom Armin Franulic, Presidente da Federação Boliviana de Automobilismo, Willy, grande amigo e apaixonado por Roberto Carlos, Roberto, Vice Consul do Brasil em Santa Cruz de La Sierra e mais uma dezena de amigos que fizemos na Bolívia.
Abraços a todos e ate a próxima.





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