RUMO A SANTA CRUZ...A AVENTURA CONTINUA.
vidadecaramujo@gmail.com
Sigam, opinem, comentem.
Bem galera, como prometido e não cumprido, recomeçando de onde nunca deveria te parado, e como dizem os meus patrícios "ora pois", estou de volta com a atualização do blog.
Me desculpem a ausência, mas estava um pouco (muito) ocupado com afazeres do dia a dia, problemas pessoais e planejando a próxima viagem.
No final dessa postagem você vera um vídeo da entrevista que demos para a TV local e TV Record regional.
Na próxima postagem, se quiserem retornem nas postagens mais antigas que já verão algumas filmagens, dentre elas a filmagem da caminhonete e o trailer sendo embarcador para o transporte, feito pela Sarita.
Duas horas somente para embarcar
Olha o tamanho da carreta pata nos levar para Santa Cruz
Não havia nada para calçar a distancia entre a
carreta e a caminhonete, conseguimos umas barras
de ferro, com aproximadamente 45 cm de largura
mega pesadas.
Foi aqui que passamos a noite em Villa Montes.
Conseguimos energia elétrica e um lugar para
tomar banho (gelado).
Esse barro que aparece no trailer estava escondendo um furo
causado no acidente com a vaca.
Quando estávamos sendo transportados para Santa Cruz
a chuva lavou e apareceu o estrago.
Eu mostro em fotos mais adiante.
Mas voltando a falar da folha da coca, realmente ela tem um efeito energético e não te da aquela "luz", mas você fica sem sono, com mais energia, mais animo. Pelo que entendi, ela funciona como esses "rebites" que os caminhoneiros tomam para aguentar viajar por 24 ou mais horas seguidas.
Eu experimentei e mais de uma vez, afinal quem esta na chuva tem que se molhar.
Encontramos a carreta que nos levaria pata Santa Cruz de La Sierra.
Uma carreta de 18 rodas, enorme, pois tinha que caber a caminhonete e o trailer, e nos estávamos com alongadores de retrovisor, que tinham que ser removidos.
Combinamos o roubo, ops, o preço do frete (eu ia dizer, o valor do frete, mas aquilo não foi valor, foi preço mesmo), apesar de não ser tão caro pela diferença de cambio, ainda assim foi caro, pois estávamos no pais deles e teríamos que seguir os seus padrões, mas como somos brasileiros, (na cabeça pequena deles o pais mais rico do mundo) o preço foi mais alto que oque normalmente seria.
Combinamos para o dia seguinte e voltamos para Villa Montes.
Na chegada fomos para a oficina onde estava a caminhonete e para nossa surpresa o danado do funileiro, ou como se diz em Portugal, "bate chapas", ou bate latas, (pois o serviço deles quando dizem que ficou ótimo, parece que foi feito por uma criança completamente sem noção do que é uma funilaria. Falei em martelinho de ouro, mas eles não fazem ideia do que seja isso.) já tinha começado a fazer o serviço sem nem ao menos me perguntar se eu ia deixar la ou não.
Fiquei muito P... da vida e o cara já tinha retirado o para lamas esquerdo, o para choques e mais algumas peças, muito calmamente com o pulmão saindo pela boca de raiva, eu falei educadamente, e tremulo, para o cidadão boliviano que eu não queria que ele fizesse o serviço, e como eu não autorizarei a colocar as patinhas, ops, as mãos no meu carro, ele deveria recolocar novamente as peças no lugar.
Imagina um cara com muita raiva, dobra...era eu naquela hora, pois o cidadão com certeza iria querer me cobrar, se fosse aqui no Brasil eu saberia exatamente como me virar numa situação dessas, mas em uma cidade que se chama Villa Montes, na Bolívia, pela primeira vez em contato com esses primatas eu tinha certeza que iria morrer em mais algumas dezenas de pesos bolivianos.
Quase enfartando eu deveria estar vermelho feito um pimentão de tanta raiva, resolvi sair e tomar uma Taquiña, ou Paceña, oque tivesse (marcas de cerveja).
Fomos, eu e a Sarita, a um bar ao lado e tomamos uma cerveja, como ela quase nunca bebe, tomou uma coca cola.
Esperamos enquanto ele recolocava as peças na caminhonete.
Nesse meio tempo, veio o cidadão que nos levou para procurar a carreta do transporte e disse que tinha que conseguir um documento para transportar nossa caminhonete ate Santa Cuz.
Ele se prontificou a ir atras do tal documento e logo ja veio na minha cabeça, la vai mais alguns "bolivianitos".
Não deu outra.
O camarada voltou e disse que conseguiu o documento para transportar, mas iria custar alguns pesos, não me recordo quanto, mas a Sarita teve uma crise de choro.
Tudo certo, assalto feito, paguei oque ele pediu e seguimos para o locar do encontro onde iriamos nos encontrar com o caminhoneiro.
Dormimos e na manhã seguinte esperamos a carreta que nos levaria a Santa Cruz.
Foi um sacrifício embarcar a caminhonete com o trailer na carreta. Primeiro teríamos que encontrar um embarcadouro e teria que ser um embarcadouro longo, pois tinha o trailer e se o embarcadouro fosse curto, a caminhonete iria chegar na carreta e o trailer não entraria.
Encontramos o embarcadouro.
Vou tentar postar o vídeo, mas não sei se vou consegui, pois tentei postar outros que fizemos e não consegui.
Acho que preciso de ajuda.
Conseguimos terminar o embarque por volta das 16 horas, foi muito complicado, pois o trailer é muito largo e uma vez embarcado a porta não abria mais.
Fiz todos os acertos, os devidos pagamentos e tivemos que entrar no trailer pela janela frontal, que dava na cama.
Estava muito frio e chuvoso. Tomamos um banho, entramos no trailer, fizemos um lanche e partimos rumo a Santa Cruz.
Olhe a cena: Nos dois dentro de um trailer rebocado por uma caminhonete cabine dupla batida, na carroceria de uma carreta, no meio do nada (entenda-se por divisa do inferno com o purgatório, Bolívia e Paraguai) viajando por estradas desconhecidas, perigosas e com um motorista que nunca tínhamos visto na vida.
Estávamos correndo risco de vida, risco de ser roubados, assassinados, etc.
Hoje depois de tudo acontecido eu penso que faria tudo novamente, mas não de trailer ou Motor Home, eu iria de carro, visto que os hotéis são baratissismos.
Fizemos nosso lanche e conversamos um pouco, arrumamos algumas coisas dentro do trailer, arrumamos a cama e fomos dormir. Estava chovendo muito e durante o trajeto percebi que a carreta parou varias vezes e ouvi conversas, eu imaginava que eram policiais pedindo os documentos que permitiam o transporte.
A certa altura a carreta parou de vez e desligou o motor.
O motorista foi dormir, dormiu na cabine.
O motorista tinha um cheiro tão estranho que parecia que não tomava banho ha dias.
Amanheceu o dia. Estávamos vivos, não haviam roubado o trailer, nem a caminhonete.
Lanchamos ali dentro do trailer mesmo e seguimos em frente.
Fomos parados mais algumas vezes pelo caminho. Chegamos debaixo de muita chuva em Santa Cruz por volta das 14 horas e fomos procurar um desembarcadouro, com muito custo depois de uns 40 minutos encontramos um, nos cobraram 50 bolivianos para desembarcar.
Demoramos mais de uma hora para desembarcar, e como a caminhonete estava andando, saimos dali e fomos procurar um telefone para que pudêssemos nos comunicar com o Roberto (Vice Cônsul).
Conseguimos, depois de muito custo, encontrar um telefone, (na casa da minha avo tinha um igual, preto) ligamos para o consulado e ele queria saber onde estávamos para nos resgatar e então eu me atrevi a perguntar para uma pessoa onde nós nos encontrávamos. A pessoa respondeu o nome da rua (calle) com quintanilho, e eu não entendi, e ela repetia calle "tal" com quintanilho, eu nem imaginava que ela estava se referindo ao quinto anilho, quinto anel.
Nós não sabíamos que Santa Cruz, tem ruas que se assemelham a anéis e por isso são chamados de anilhos, anéis. E cortando esses anéis tem as ruas (calles).
Vista aérea da cidade de
Santa Cruz de La Sierra
Então eu coloquei essa pessoa no telefone para falar com o Roberto e ele disse que iria nos buscar. Nós estávamos em uma determinada rua no quinto anilho.
Asfalto e mesmo assim precário, somente nas ruas centrais da cidade.
Já se aproximava das 15 horas quando a cavalaria montada chegou.
Chegaram 3 pessoas em dois carros, um deles aparentando ter uns 60 anos (Roberto, o Vice Cônsul), outro
de estatura mediana aparentando ter uns 50 anos e outro aparentemente boliviano, aparentando ter uns 40 anos de idade.
Eles se apresentaram e o mais velho era o Roberto, os outros dois eram funcionários da embaixada, um brasileiro e um boliviano.
Eu perguntei ao Roberto:
-Oque você faz nesse fim de mundo
A resposta:
-Resgatando pessoas como você!
Rachei o bico.
Ninguém mandou eu perguntar.
Ele disse que o trailer poderia ficar na casa dele, em um condomínio fechado, nos levaria ate um hotel e no dia seguinte nos levaria ate uma funilaria para consertar a caminhonete.
Engatamos o trailer no carro do boliviano e seguimos ate o condomínio onde iria ficar o trailer e em seguida fomos para o hotel que fica em uma esquina mesma rua da embaixada, no mesmo quarteirão, apenas na outra calçada, quase frente a frente.
Na saída do condomínio o Roberto fez questão de nos apresentar ao porteiro e disse que poderíamos entrar sempre que precisássemos.
Fomos apresentados ao hotel e saímos para procurar um lugar para guardar a caminhonete.
Tudo que queríamos era um banho quente, uma cama e não pensar em nada ate o dia seguinte.
Hotel Vitoria, onde ficamos por
mais de um mês.
Fica no centro de Santa Cruz.
Mas sabíamos que no dia seguinte teríamos muito oque fazer, pois haviam muitas coisas no trailer e teríamos que ir ate la, dar um jeito na bagunça toda, tirar os perecíveis da geladeira, pegar roupas, avaliar os danos e procurar a funilaria que nos foi indicada pelo Roberto.Meus amigos, por hoje é só.
Prometo que não me demoro para a próxima postagem.
Ainda tem muita adrenalina, de um garimpeiro que matava índios a uma ameaça de morte na funilaria.
Samaipata, Rallye, Cochabamba, Loucos dando a volta ao mundo de byke, Armin Franulic, meu grande amigo Javier Cossio e muito mais.
Veja agora a entrevista que demos para a TV Local e para a TV Record Regional.
Isso foi no dia em que saímos de Guaira em fevereiro de 2011.
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