E A AVENTURA CONTINUA...
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Abraços.
E vamos la.
Galera, amigas e amigos.
Abaixo algumas fotos de como ficaram a caminhonete e o trailer apos a batida com o pobre animal.
Afetou também uma parte do trailer e perfurou a lataria, que posteriormente, já no Brasil, eu mandei consertar.
Eu creio que na batida com o animal, como foi pelo lado esquerdo, ele deu uma "rodopiada" e bateu com uma parte muito dura, talvez o chifre na parte frontal esquerda do trailer e fez uma perfuração que atravessou a lataria e atravessou ate a parte de dentro. Coisa que só fomos perceber quando mandamos lavar o trailer, pois estava muito cheio de barro no dia e não percebemos.
Esse lado direito do trailer que você esta vendo, cheio
de barro foi onde a vaca bateu com uma parte muito
dura, provavelmente o chifre, pois foi perfurante,
apos ter batido na caminhonete.
Essa foto foi feita já na frente da empresa onde nossos
supostos amigos nos esconderam para pernoitar.
Aqui, foi quando nos já havíamos chegado no locar
onde iriamos pernoitar.
Aqui, já com a tomada ligada para termos água quente
e energia elétrica. Lá a voltagem é 220.
Nessa foto a caminhonete batida..
Pergunta se eu chorei??
Claro que sim, né?? Mas longe da Sarita pois eu sou
homem com "O" maiúsculo e Homem não chora, não
é mesmo, rsrs.
Olha só o estrago da minha "neguinha".
O coração saia pela boca.
Imagina você, a milhares de quilômetros de casa,
sem seguro, em um pais de corruptos e bandidos,
sem a minima noção do que fazer...
Eu pensava (só para mim mesmo) PQP to fu...
Não tiramos fotos na hora exata do acidente, pois não estávamos em condições psicológicas nem emocionais e muito menos físicas para isso.
Com a caminhonete batida uma dor no peito, uma tensão, um misto de raiva com angustia eu continuei rodando por mais alguns metros para sair de perto do acidente. Parei do lado direito da pista para avaliar o prejuízo e tentar calcular ate onde dava para continuar. O estrago foi feio e a cidade estava logo na frente. Como a caminhonete estava com o motor funcionando, eu tentei prosseguir, estava muito escuro e não deu para avaliar o real estado da situação, segui ate o inicio da cidade de Villamontes (cidade proxima a fronteira localizada na província de Gran Chaco, departamento de Tarija) com um barulho muito grande que eu acreditava ser a lataria do carro raspando no pneu.
Assim que cheguei no segundo quarteirão da cidade a caminhonete não rodou mais, paramos.
O local era mal iluminado e deserto, e do nada começaram a surgir alguns carros, era uma avenida larga e os carros começaram a passar vagarosamente e olhar para nos, comecei a ficar um pouco mais assustado e preocupado. Um desses carros passou por nos umas três vezes e parou ha uma dezena de metros na nossa frente, desceu um homem, estatura mediana, talvez 1,70 (ou pouco menos) de altura com a boca inchada (foi ai que descobri que eles não chupavam bolas de tênis, eles mascavam coca dia e noite sem parar).
Ele se aproximou do carro e começou a perguntar oque havia acontecido, logo em seguida outro carro também parou e desceu outro homem mascando coca (e eu que jurava que eles chupavam bolas de tênis), como eu e a Sarita já estávamos arranhando um pouco do espanhol, tentamos uma comunicação, (com os "alienígenas"), oque não foi assim tão difícil.
Um deles tinha uma lanterna na mão e fomos avaliar o estado da caminhonete.
Nada bom.
Estava toda amassada na frente e com a lataria toda para dentro, pegando na correia do motor e no pneu dianteiro esquerdo. O capô muito amassado, toda a frente, o para lamas esquerdo, a porta do motorista e não deu para ver muito mais por falta de iluminação. Com um pouco de esforço conseguimos puxar a lataria de volta para ver oque mais tinha acontecido.
Correia quebrada e a caminhonete não andava mais.
Esses dois camaradas que não me lembro o nome, (quando eu encontrar minhas anotações eu ratifico isso), começaram a me falar de como funcionam as coisas por la. Me aconselharam a tirar a caminhonete do lugar e esconder, pois já estava chamando muito a atenção. Realmente as pessoas começavam a se aproximar de carro e nos disseram que seria melhor esconder a caminhonete, pois se a policia fosse acionada nos estaríamos em sérios apuros.
Acontece que na Bolívia não tem cercas e portanto os animais ficam pastando de um lado a outro da rodovia, vacas, cavalos, lhamas, carneiros, asnos, porcos, tudo o que você pode imaginar, todo tipo de animal e se você atropela uma vaca, como foi o nosso caso, teria que pagar a vaca, pegava um processo e perderia o carro.
Pronto não faltava mais nada (outro engano, ainda tinha muita coisa por vir).
Eles começaram a conversar para ver oque seria melhor, oque poderíamos fazer. Eu realmente estava preocupado pois podia ser uma cilada e das grandes. Deu para perceber que eles não se conheciam, mas não tem como confiar, tudo pode ser um golpe, eu já morei em São Paulo, já vivi muito e sei bem como são essas coisas. Eles me falaram que tinha um local por perto que poderíamos passar a noite escondidos e no dia seguinte a gente resolvia oque fazer. Não tínhamos opção e topei, mas com muita cautela, dependendo do lugar onde nos levariam eu iria dar um jeito de cair fora dali, mesmo que fosse a pé.
Um deles tinha uma corda bem grossa no carro e se prontificou a nos ajudar, iria rebocar a caminhonete e o trailer ate o tal local seguro, amarramos a corda na caminhonete e no carro dele e fomos em frente, passamos por uma parte da cidade movimentada e outra parte com pouco movimento. Isso chamou a atenção de muita gente, tendo em vista que a grande maioria deles nunca havia visto um trailer (casa rodante) na vida. Foi uma atração a parte, mas que estava me deixando preocupado, pois estávamos chamando muito a atenção das pessoas. Paramos sob uma arvore muito grande ao lado de uma empresa. Nessa empresa havia um vigia e alguns alojamentos em forma de contêineres, estava muito frio e já eram mais de 3 horas da madrugada.
Eles nos aconselharam a ficar ali ate amanhecer e depois, quando amanhecesse o dia, eles viriam nos socorrer.
Senti um pouco de firmeza e resolvi ficar ali mesmo.
O frio era intenso e nos precisávamos de um banho urgente e também comer alguma coisa.
Falei com o vigia da empresa e perguntei se ele tinha uma tomada para emprestar, muito prestativo nos cedeu a tomada para não ficarmos sem energia, eu perguntei se havia uma ducha e ele me encaminhou a ducha onde os peões tomavam banho, e la fui eu tomar um banho gelado, pois estávamos com pouca água.
Tomei um banho hiper gelado, para não gastar muita água, deixei a água quente para a Sarita, comemos alguma coisa e fomos dormir, o dia já amanhecia.
As 5,30 da manhã um dos sujeitos que havia nos ajudado apareceu e nos chamou para que pudêssemos tomar providências e logo em seguida chegou o outro. Ai eu fui entender o motivo deles aparecerem tão cedo, Um deles era dono de uma oficina de funilaria e pintura e queria nos levar para sua oficina para fazer o conserto na caminhonete e seguir viagem, ou seja ele queria nosso rico dinheirinho, (o povinho...aff), e o outro era um representante comercial que estava interessado em nos ajudar em troca de (de novo) nosso rico dinheirinho.
PQP.
Saudades da minha casa, mas aventura é aventura, vamos em frente.
Em uma rápida troca de idéias com a Sarita resolvemos buscar ajuda no consulado. Enquanto eu ficava entretendo os dois bolivianos ela procurava falar no consulado. No inicio da viagem compramos chips pre-pagos do pais e isso nos salvou a pele algumas vezes.
Percebi que estava havendo uma rivalidade entre eles.
Sabe quando um animal abate uma presa e aparece outro tentando tirar o seu jantar? Então, nós eramos o jantar daqueles dois, foi assim que eu me senti.
Quando finalmente a Sarita conseguiu entrar em contato com o consulado brasileiro em Santa Cruz de La Sierra (a cidade mais populosa da Bolívia, fica no centro do pais), consegui falar com Roberto Vecchio, Vice Cônsul do Brasil na Bolívia, em Santa Cruz.
Fomos aconselhados por ele a transportar a caminhonete para Santa Cruz o mais rápido possível, e para isso teríamos que conseguir um documento emitido pelas autoridades para transportar a caminhonete e o trailer ate Santa Cruz e disse ainda que iriam nos cobrar propina, mas que seria melhor pagar sem reclamar e ir ate Santa Cruz onde estaríamos sob a guarda da embaixada do Brasil.
Bom, pelo menos foi um conforto saber que tinha um brasileiro que iria nos ajudar.
Mas ainda tinha os dois bolivianos e iriamos precisar muito deles.
O dono da oficina queria por toda maneira que ficássemos ali para consertar a caminhonete e seguir viagem e o outro queria noa ajudar com a papelada e conseguir o transporte e claro mediante um pagamento.
Eles já não estavam se entendendo e eu estava vendo que iria precisar dos dois.
Imagina, uma caminhonete cabine dupla rebocando um trailer e eu precisando de uma carreta enorme para transportar isso para uma cidade que fica há 475 km de distancia, em um pais de corruptos e bandidos, onde não existem estradas (carreteras) e sim caminhos e para complicar ainda mais iriamos viajar a noite.
Para vencer esses 475 Km levamos 12 horas.
Mais uma vez eu pensava: -Pronto, falta mais alguma coisa? Claro que sim, né?? Olha só onde estávamos...
Muito bem, o representante comercial iria nos levar ate uma cidade próxima para ver se conseguíamos uma carreta, mais uma vez não me recordo o nome da cidade, mas no local havia uma grande concentração de caminhões que faziam frete e nos teríamos que tentar encontrar um caminhão grande, ou seja, uma carreta, oque obviamente custaria mais caro.
La teríamos que pesquisar preços, tamanho do caminhão e ainda por cima tentar calcular o grau de honestidade do boliviano, é mole?
Imagina você em Marte rodeado por marcianos??
Sem outra alternativa nos dirigimos para essa cidade.
No caminho, muito vagaroso por conta dos animais na rodovia que tínhamos que desviar, fomos conversando sobre vários assuntos, mas o mais intrigante no momento era a suposta bola de tênis que eles tinham na boca, pois eu ainda não estava muito convencido.
Ele nos explicou que era folha de coca e que era costume de praticamente toda a população boliviana mascar folha de coca, muito comum entre os índios e a população em geral.
Eles colocavam na boca um bocado de folhas e um pouco de bicarbonato e ficavam mascando aquilo, mais um pouco de folhas e mais uma pitada de bicarbonato, e com isso não sentiam sono e tinham mais animo para trabalhar, dizia que as vezes passava dois dias ou mais sem dormir.
Resolvi experimentar?
Resolvi!
Vamos la, um bocado de folhas de coca e uma pitada de bicarbonato e comecei a mascar como ele me explicou sem engolir a folha, apenas mascar como se fosse um chiclete, (goma, borracha).
No começo, um gosto estranho na boca e mais um bocado de folha e mais uma pitada de bicarbonato.
De repente aquele suco misturado com a saliva começa a anestesiar minha boca do lado esquerdo que era o lado que eu estava mascando, aquilo foi descendo pela garganta e já estava anestesiando o estomago.
E não é que funciona mesmo??
Você não fica "doidão", você fica aceso, realmente sente pouca vontade de comer e fica mais antenado. Acho que funciona mais ou menos como um energético.
A caminho da cidade onde iriamos procurar a
carreta para nos rebocar ate Santa Cruz de La Sierra.
Eu com a boca cheia de coca, claro que não masquei
tanto quanto os bolivianos, e portanto eu não estava
com aparência de quem estava
"chupando uma bola de tênis.
Galera, por hoje é só, vou nessa, mas prometo que não vou demorar tando para a próxima postagem.
Na próxima vocês vão saber como conseguimos, com muito sorte (leia-se propina) viajar durante 12 horas na carroceria de uma carreta de Villamontes ate Santa Cruz de La Sierra, mas antes ainda passamos maus bocados em Villamontes, o choro da Sarita de tanto "roubo, propina, malandragem e picaretagem dos bolivianos.
Hoje, se você me perguntar, qual é o pior pais do mundo, sem sombras de duvida, a minha resposta é: Bolívia.
Uma palhinha do que vem por ai.
Vejam o tamanho da carreta que tivemos que
alugar para nos rebocar ate Santa Cruz.
Ate a próxima.
Sigam, opinem, comentem.
Abraços.
Zeca.
vidadecaramujo@gmail.com
e eu pensava: Sera que ainda vai acontecer mais coisas?